A Etiópia celebrou a inauguração da Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD, sigla em inglês), construída no rio Nilo Azul, próximo à fronteira com o Sudão, considerando-a como uma conquista de todos os africanos.
Com 170 metros de altura, quase dois quilómetros de extensão e capacidade para armazenar 74 mil milhões de metros cúbicos de água, a estrutura, que custou 4 biliões de dólares, deve gerar 5.150 megawatts de electricidade, mais do dobro da actual capacidade instalada do país.
A inauguração, que aconteceu no dia 9 do corrente mês, contou com a presença de líderes regionais, como os presidentes, do Quénia, William Ruto, da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, do Djibouti, Ismaïl Omar Guelleh, do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit, e do presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf.
Financiada com recursos locais
Um aspecto único da GERD é o seu financiamento. O Governo etíope decidiu financiar o projecto inteiramente com recursos nacionais para afirmar a sua soberania e auto-suficiência.
O financiamento veio de títulos do Governo, doações privadas e contribuições de cidadãos etíopes, residentes no país e na diáspora.
Este modelo de autofinanciamento tornou a barragem num poderoso símbolo de soberania, unidade e determinação nacional, demonstrando que a Etiópia pode empreender projectos de grande escala sem depender de ajuda externa.
Segundo a Agência de Notícias da Etiópia(ENA), a inauguração criou um sentimento especial para todos os etíopes devido à sua contribuição significativa para a construção da barragem.
A Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD) está concebida para dar contributos significativos para a Etiópia e para o continente africano em geral, particularmente nas áreas da energia, do desenvolvimento económico e da cooperação regional.
Actualmente, 45% dos 130 milhões de habitantes da Etiópia não tem acesso à electricidade. Espera-se que a imensa produção de energia da GERD forneça electricidade a milhões de pessoas pela primeira vez, melhorando a sua qualidade de vida e possibilitando novas actividades económicas.
A disponibilidade de electricidade fiável e acessível é considerada um motor crítico para a industrialização e o crescimento económico. A energia da GERD vai apoiar a expansão da indústria, da agricultura e de outros sectores, ajudando a impulsionar a economia da Etiópia e a atingir o seu objectivo de alcançar uma prosperidade abrangente.
Ao gerar excedentes de electricidade, a Etiópia planeia tornar-se um grande exportador de electricidade para países vizinhos como o Sudão, o Djibouti, o Quénia e o Sudão do Sul. Isso vai contribuir para a segurança energética regional, reduzir a dependência de fontes de energia mais caras e poluentes e promover uma maior interdependência económica. Além disso, o papel da GERD no comércio regional de energia está alinhado com iniciativas como o Grupo de Energia da África Oriental (EAPP) e a Zona de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA).
Ao criar um mercado energético transfronteiriço, a Etiópia tem o potencial de reforçar os laços económicos e a cooperação em todo o continente. A construção, iniciada em 2011, enfrentou dificuldades de financiamento, disputas diplomáticas e a guerra civil entre 2020 e 2022, mas foi concluída sob a liderança da empreiteira italiana Webuild.
Fonte de inspiração para todos os negros
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